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Emmanuel de Almeida Farias Júnior
Emmanuel de Almeida Farias Júnior
2 anos atrás

Discorra sobre a identidade e cultura dos indígenas Warao e os processos migratórios recentes.

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Vanessa Teles Nunes
Vanessa Teles Nunes
Responder para  Emmanuel de Almeida Farias Júnior
2 anos atrás

Olá, Emmanuel!

A etnia Warao é uma cultura tradicionalmente coletora e pescadora (GARCÍA CASTRO, 2000) e que, historicamente, localiza-se no delta do Rio Orinoco, na Venezuela (DURAZZO, 2020). No começo do século XX, o modo de subsistência dos Warao baseava-se, precipuamente, no extrativismo animal e vegetal (ACNUR, 2021). Entretanto, a partir da segunda metade do século XX, em razão da crescente ocupação de suas terras, os indígenas começaram a se deslocar para outros assentamentos e a se inserir em formas de trabalho assalariado, passando a ter também uma dieta nutricional mais pobre (ACNUR, 2021). Essas mudanças produziram uma ruptura da estrutura social do povo Warao. A organização familiar, por exemplo, passou a se centrar no personagem masculino, retirando a mulher da posição nuclear que anteriormente ocupava (ACNUR, 2021). O deslocamento desses indígenas para outras regiões da Venezuela e, principalmente, para outros países sul-americanos sofreu um impulso ainda maior em razão do agravamento da crise econômica (HUMAN RIGHTS WATCH, 2016 apud SOUZA, 2020) — com a ascensão de Nicolás Maduro ao poder, em 2013 (SOUZA, 2020) —, da escassez de alimentos e da falta de acesso a serviços básicos (SIMÕES, 2017 apud SOUZA, 2020). Foi a partir de 2015 que se observou a presença de indígenas Warao dentre os grupos de refugiados venezuelanos que estavam vindo para o Brasil (ATHIAS, 2020). Antes de chegarem, em 2019, nas cidades de São Luís e Imperatriz, no Maranhão, os grupos Warao passaram pelos estados de Roraima, Amazonas e Pará (ARAÚJO; MACIEL, 2020), situados na região Norte do país. No Maranhão, consoante apontam os autores Araújo e Maciel (2020), a presença dos indígenas venezuelanos foi constatada nas cidades de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Imperatriz, Açailândia e Santa Inês.

Agradeço, por fim, pela sua atenção e coloco-me à disposição para esclarecer qualquer dúvida ou para versar um pouco mais sobre o tema da pesquisa.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA DA ONU PARA REFUGIADOS. Os Warao no Brasil: contribuições da antropologia para a proteção de indígenas refugiados e migrantes. [S.l.:s.n.], 2021. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2021/04/WEB-Os-Warao-no-Brasil.pdf. Acesso em: 09 dez. 2021.

ARAÚJO, Helciane de Fátima Abreu; MACIEL, Pedro Costa. As lógicas Warao e “Ocidental” em confronto: a construção de políticas públicas de atenção a refugiados em contexto de interculturalidade no Estado do Maranhão. In: LIMA, Carmen Lúcia Silva; CIRINO, Carlos Alberto Marinho; MUÑOZ, Jenny González (org.). Yakera, Ka Ubanoko: o dinamismo da etnicidade Warao. Recife: Ed. UFPE, 2020. p. 120-139.

ATHIAS, Renato. Apresentação: os warao, mobilidade e diáspora. In: CIRINO, Carlos Alberto Marinho; LIMA, Carmen Lúcia Silva; MUÑOZ, Jenny González (org.). Yakera, Ka Ubanoko: o dinamismo da etnicidade Warao. Recife: Ed. UFPE, 2020, p. 7-8.

DURAZZO, Leandro Marques. Os Warao: do Delta do Orinoco ao Rio Grande do Norte. Povos Indígenas do Rio Grande do Norte. 2020. Disponível em http://www.cchla.ufrn.br/povosindigenasdorn. Acesso em: 09 dez. 2021.

 

GARCÍA CASTRO, Alvaro. Mendicidad indígena: los Warao urbanos. Boletín antropológico, v. 48, n. Enero–Abril, p. 79-90, 2000.

SOUZA, Júlia Henriques. Janokos brasileiros: uma análise da imigração dos Warao para o Brasil. Boletim Científico ESMPU, Brasília, a. 17. n. 52, p. 71-99. jul./dez. 2018.

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Bráulio Loureiro
Bráulio Loureiro
2 anos atrás

Ao longo da pesquisa, quais referências embasaram o uso do método “histórico-estrutural”?

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Vanessa Teles Nunes
Vanessa Teles Nunes
Responder para  Bráulio Loureiro
2 anos atrás

Olá, Bráulio! Agradeço por levantar essa questão.

O método histórico-estrutural, utilizado no desenvolvimento da pesquisa, trata-se da junção do método histórico, “promovido por Boas” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 106) e estrutural, “desenvolvido por Lévi-Strauss” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 111). Conforme lecionam Lakatos e Marconi (2003, p. 106-107), o método histórico “consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje”. Assim, o referido método foi selecionado buscando compreender tanto o conjunto de acontecimentos históricos que ocorreram na Venezuela e que culminaram no atual processo migratório de grupos indígenas Warao para o Brasil, quanto a própria historicidade dos indígenas Warao enquanto habitantes tradicionais do delta do Rio Orinoco.

Ademais, o método estrutural, consoante explicam Lakatos e Marconi (2003, p. 111), parte da investigação de um fenômeno concreto que é elevado a nível abstrato, “por intermédio da constituição de um modelo que represente o objeto de estudo”, trazendo-o, por fim, à situação concreta, “dessa vez como uma realidade estruturada e relacionada com a experiência do sujeito social”.

A referida metodologia foi utilizada posto que a compreensão do fenômeno de migração de indígenas Warao, antes de ser vislumbrada em âmbito internacional, foi acontecendo gradualmente no interior da Venezuela. A ocupação de vastas porções territoriais é uma característica da referida etnia (ATHIAS, 2020), no entanto a presença desses indígenas em outras regiões da Venezuela e, posteriormente, em diversos países sul-americanos, ocorreu em virtude de uma série de fatores internos e externos. A exemplo, tem-se a construção da barragem do Rio Manamo, durante a década de 1960 (ACNUR, 2021); o agravamento da crise econômica no país, com o início do governo de Nicolás Maduro, em 2013 (SOUZA, 2020); e, a nível internacional, a progressiva queda do preço do barril de petróleo (durante a década de 2010), produto cuja exploração possui extrema relevância para a economia do país (PENNAFORTE; OLIVEIRA, 2019).

O referido método foi escolhido também para analisar a prática da coleta (pedir dinheiro), pelos Warao, nos semáforos e ruas das cidades. Este fenômeno começou a ser observado a partir do deslocamento dos indígenas para os centros urbanos venezuelanos (GARCÍA CASTRO, 2000), em virtude da constante invasão de suas terras (ACNUR, 2021). Isto porque a referida etnia possui, como uma das atividades tradicionais de subsistência, a prática da coleta de frutos e pequenos animais (GARCÍA CASTRO, 2000). Assim, a prática da coleta realizada em ambiente citadino não é entendida por eles como mendicância, mas, em verdade, como uma atividade análoga àquela praticada nas florestas do Delta (GARCÍA CASTRO, 2000).  

Espero ter tirado sua dúvida. No mais, agradeço por sua atenção e fico à disposição para expor sobre outros pontos da pesquisa ou também para responder a novo questionamento.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA DA ONU PARA REFUGIADOS. Os Warao no Brasil: contribuições da antropologia para a proteção de indígenas refugiados e migrantes. [S.l.:s.n.], 2021. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2021/04/WEB-Os-Warao-no-Brasil.pdf. Acesso em: 10 dez. 2021.

ATHIAS, Renato. Apresentação: os warao, mobilidade e diáspora. In: CIRINO, Carlos Alberto Marinho; LIMA, Carmen Lúcia Silva; MUÑOZ, Jenny González (org.). Yakera, Ka Ubanoko: o dinamismo da etnicidade Warao. Recife: Ed. UFPE, 2020, p. 7-8.

GARCÍA CASTRO, Alvaro. Mendicidad indígena: los Warao urbanos. Boletín antropológico, v. 48, n. Enero–Abril, p. 79-90, 2000.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

PENNAFORTE, Charles; OLIVEIRA, Fabiana. Sistema-mundo e movimentos antissistêmicos: uma análise crítica da venezuela pós-chávez. Brasilian Journal of International Relations – BJIR, Marília, v. 8, n. 1, p. 44-68, jan./abr. 2019. V. 8, 2019.

SOUZA, Júlia Henriques. Janokos brasileiros: uma análise da imigração dos Warao para o Brasil. Boletim Científico ESMPU, Brasília, a. 17, n. 52, p. 71-99, jul./dez. 2018.

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Laís Maria Costa Andrade
Laís Maria Costa Andrade
2 anos atrás

Parabéns pela pesquisa, Vanessa!

Durante o desenvolvimento do estudo, foi possível perceber alguma correlação entre o tratamento dado pelas instituições públicas aos indígenas Warao e a histórica perpetuação de uma estrutura de poder e de Estado segregacionista (étnica e culturalmente) no âmbito brasileiro?

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Vanessa Teles Nunes
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Responder para  Laís Maria Costa Andrade
2 anos atrás

Boa noite, Laís!

Muito obrigada! Fico muito feliz por você ter apreciado a minha pesquisa e pela sua dúvida tão pertinente.

Bom, não foi possível observar com muita nitidez essa ligação uma vez que a pesquisa de campo que seria realizada com os indígenas Warao foi inviabilizada em virtude da pandemia de Covid-19. No entanto, conseguiu-se depreender, por meio da fala de alguns agentes, que ainda não existe um tratamento adequado e sensível, por parte das instituições públicas, em relação às peculiaridades desse povo originário. Constatou-se que a maioria das políticas públicas articuladas e aplicadas por essas instituições não são especificamente voltadas para atender a esses indígenas refugiados, isto é, são executadas de modo indistinto em relação às prestações de serviços elaboradas para amparar pessoas que estão em condições de vulnerabilidade social. Desse modo, os traços de um Estado segregacionista podem ser vislumbrados, baseando-se nestes fatores, diante da demora para articular políticas públicas específicas para os refugiados indígenas.

Espero ter esclarecido a questão apresentada. Por fim, agradeço pelo seu relevante comentário. 

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Erika Fernanda Paiva Paixão
Erika Fernanda Paiva Paixão
2 anos atrás

Qual foi a parte mais difícil que você teve na pesquisa? E sobre a coleta que os indígenas realizam, é uma prática que se iniciou a partir da entrada deles em território brasileiro?

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Vanessa Teles Nunes
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Responder para  Erika Fernanda Paiva Paixão
2 anos atrás

Olá, Érika!

Agradeço inicialmente por seus questionamentos. Irei respondê-los em duas partes, de acordo com a ordem em que foram feitos.

1) Bom, a parte mais complicada foi conseguir realizar as entrevistas com os agentes públicos. Isto porque a pesquisa foi desenvolvida durante o período pandêmico gerado pela Covid-19, o que dificultou o acesso direto aos órgãos públicos e também aos indígenas Warao, cujos relatos possibilitariam a obtenção de outra perspectiva acerca da aplicação das políticas públicas pelos poderes locais. Assim, a pesquisa foi desenvolvida com base somente nas informações prestadas pelos agentes públicos das cidades de São Luís, Imperatriz e São José de Ribamar.

2) Não, a prática da coleta (pedir dinheiro) não é um fenômeno que começou a ocorrer a partir da chegada em território brasileiro. A referida atividade começou a ser realizada, pelos indígenas, na segunda metade do século XX, quando se vislumbrou um êxodo crescente dessa etnia para os centros urbanos da Venezuela (GARCÍA CASTRO, 2000).

Agradeço, por fim, novamente e coloco-me à disposição para discorrer acerca de algum outro ponto da pesquisa.

REFERÊNCIAS

GARCÍA CASTRO, Alvaro. Mendicidad indígena: los Warao urbanos. Boletín antropológico, v. 48, n. Enero–Abril, p. 79-90, 2000.

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Erika Fernanda Paiva Paixão
Erika Fernanda Paiva Paixão
2 anos atrás

Excelente pesquisa, Vanessa, parabéns

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Vanessa Teles Nunes
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Responder para  Erika Fernanda Paiva Paixão
2 anos atrás

Muito obrigada, Erika!

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Alexandre Bezerra Praseres
Alexandre Bezerra Praseres
2 anos atrás

Pertinente uma análise jurídica de uma etnia indígena em face de uma zona de conflito agrária e numa situação política delicada como a crise da Venezuela que gerou uma crise de refugiados!

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Vanessa Teles Nunes
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Responder para  Alexandre Bezerra Praseres
2 anos atrás

Agradeço por ter apreciado o trabalho, Alexandre!

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