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Igor Santos Carneiro
Igor Santos Carneiro
2 anos atrás

Percebi que em um trecho, ele fala sobre o papel e representação da mulher no século XIX. Quais fontes você utilizou pra fazer essa análise? Parabéns pela pesquisa!

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Iasmin Carvalho F Doroth
Iasmin Carvalho F Doroth
Responder para  Igor Santos Carneiro
2 anos atrás

Obrigada pelo elogio, Igor. Bom, a principal fonte que encontrei para fazer essas análises surgiu da própria obra a Casca da Caneleira (1886) quando em alguns pontos eles falam do casamento dos personagens enquanto negócio. Essas narrativas do Dias Carneiro me fez pensar na deturpação e silenciamento do efetivo papel da mulher na sociedade oitocentista e principalmente a representação que trouxe certas continuidades desse imaginário para o âmbito da nossa sociedade atualmente. É fato que não podemos comparar o processo que cada sociedade passa pelo seu tempo mas é interessante pensar que a historiografia nas ultimas décadas favorece uma história social das mulheres. A percepção de processos históricos diferentes, simultâneos, a relatividade das dimensões da história, do tempo linear, de noções como progresso e evolução, dos limites de conhecimento possível diversificam os focos de atenção dos historiadores, antes restritos ao processo de acumulação de riqueza, do poder e à história política institucional. Espero ter respondido sua pergunta. Abraço!

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Jakson dos Santos Ribeiro
Jakson dos Santos Ribeiro
2 anos atrás

Boa tarde, Iasmin! Parabéns pela pesquisa, muito importante essa abordagem, pois revela o terreno fértil para diversas discussões no campo das identidades. Desse modo, gostaria se possível se você pudesse apresentar quais foram os elementos identitários identificados por você que estão presentes no contexto analisado?

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Iasmin Carvalho F Doroth
Iasmin Carvalho F Doroth
Responder para  Jakson dos Santos Ribeiro
2 anos atrás

Muito obrigada pelas considerações, Jakson. Os elementos identitários que encontrei nesse segundo ano da pesquisa se voltaram principalmente o sujeito negro nessa construção da identidade maranhense. Então, enveredei para as buscas desde a chegada desses sujeito em todo aquele momento do Tráfico Transatlântico que acredito que seja um peso os mais de 300 anos de mazelas africanas. Relacionando principalmente a questão da mão de obra que envolve a economia, com a questão da religiosidade que envolve todo uma História Cultural. Diante disso, no que se refere aos elementos identitarios cruciais que marcaram esse processo de formação é: de um lado heranças africanas manifestando o bumba meu boi e o tambor de mina, onde eram exemplos da cultura popular negra, de outro, a identidade por um refinamento intelectual assegurada por uma elite branca e europeizada, através da noção de Athenas Brasileira, o Pantheon das Letras. Com efeito disso, a historiografia me possibilita a representação do imaginário intelectual da elite ante as manifestações de matriz africana e, sob esse viés, a declara incivilizada, seja por caráter religioso, seja pela exclusão social como consta na lei juridicamente imperial nº 3.353. Sem dúvida, a prática jurídica extingue a escravidão, mas progressivamente deixa marcas intolerantes e desiguais de exclusão perpetuam a identidade maranhense.
Outro ponto que também achei pertinente enquanto elemento identitário foi o sujeito indígena que é citado na obra Poesias (1878) do Dias Carneiros, a representação do indígena na literatura do Dias Carneiro. Verificando-se nos versos do autor termos que caracterizavam o indígena como escravo expressando indiretamente a relação do escambo e dos Tapuyas quando ele usa a denominação ‘’fugidos da aldeia’’, eles não representavam nenhuma etnia, mas o termo é característico de moradores de uma região do sertão, que foi classificada em alguns mapas europeus como um espaço ocupado por povos indígenas e suas práticas de ‘’canibalismo’’ e violências, eram vistos como bárbaros, selvagens e não domesticados trazendo uma situação bem problemática enquanto primeiros grupos que tanto sofreram no decorrer da nossa história. 

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Ana Caroline Silva Caldas
Ana Caroline Silva Caldas
2 anos atrás

Parabéns pela pesquisa, muito interessante!
Qual a importância dos livros pra construção da ideia do sujeito negro no Maranhão?

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Iasmin Carvalho F Doroth
Iasmin Carvalho F Doroth
Responder para  Ana Caroline Silva Caldas
2 anos atrás

Ana, esses livros foram importantes não só para a construção do sujeito negro maranhense, mas do sujeito maranhense como um todo. Por exemplo, o livro A Casca da Caneleira reuniu mais de 10 romancistas maranhenses e brasileiros na obra. O Casca da Caneleira foi um dos romances mais relevantes do século XIX no Maranhão portanto podemos considerar que a narrativa de Dias Carneiro teve um alcance muito grande. Não só as obras dele mas o sujeito Francisco Dias Carneiro também era extremamente relevante , o romancista sendo dono de fábricas têxteis, também foi pioneiro em diversas movimentações em prol dos agricultores da sua província. Nos jornais ‘’Commercio de Caxias’’ (1877), foi relatado a importância do escritor no meio econômico maranhense sendo o primeiro a instalar uma fábrica de tecidos no Maranhão. Portanto, acredito que esse computo de escritor e obras conseguiram trazer na sua historiografia elementos como região, vida campesina, hábitos maranhenses, usos e costumes e também a cultura popular. Agradeço o elogio, forte abraço!

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Laura Luiza Silva e Silva
Laura Luiza Silva e Silva
2 anos atrás

Muito relevante sua pesquisa! Podemos dizer que há uma relação da Literatura de Dias Carneiro com a Questão Coimbrã que ocorreu em Portugal?

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Iasmin Carvalho F Doroth
Iasmin Carvalho F Doroth
Responder para  Laura Luiza Silva e Silva
2 anos atrás

Olá Laura, tem sim uma relação muito forte visto que a obra A Casca da Caneleira foi na verdade uma resposta para a polêmica literária que estava ocorrendo entre os intelectuais portugueses naquele período. A Casca da Caneleira aborda a construção de uma civilização literária maranhense por influências portuguesas e uma crítica a Questão Coimbrã (também chamada de ‘’Questão do Bom Senso e Bom Gosto’’), ela representou polêmica literária que ocorreu entre os anos de 1865 e 1866 entre os escritores portugueses. De um lado, estava Antônio Feliciano de Castilho, escritor romântico português. De outro, o grupo de estudantes da Universidade de Coimbra; Antero de Quental, Teófilo Braga e Vieira de Castro. A Questão Coimbrã foi o marco inicial do movimento realista em Portugal. Ela representou uma nova forma de fazer literatura, trazendo à tona aspectos de renovação literária aliado as ideias que surgiram na época em torno de questões científicas. Sendo assim, ela se afasta dos moldes ultrapassados dos ultrarromânticos, atacando as posturas de atraso cultural da sociedade portuguesa da época. Em meio ao confronto, Antero de Quental tece críticas a produção literária de Castilho, no seu folheto Bom Senso e Bom Gosto. Relatava que os intelectuais brasileiros era “uma turba de gente que nunca leu nem pensou” pela literatura de Castilho ser colhida apenas no Brasil. 
Dias Carneiro portanto, participa desse livro que é um romance, tratando sobre forte afirmação intelectual maranhense maranhense perante a polemica literária, a representação de símbolos das produções e legitimação como província intelectual, a literatura maranhense ainda assim não se enquadrava para com as camadas populares, tendo em conta a necessidade de os intelectuais locais promoverem suas obras a partir do nivelamento social. Portanto, saia de uma construção geral para uma supervalorização de uma identidade seletiva, além do desfrute e dos privilégios dados pelo Império para a construção da noção de região. Espero ter respondido sua pergunta. Forte abraço!

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Viviane de Oliveira Barbosa
Viviane de Oliveira Barbosa
2 anos atrás

Parabéns pela pesquisa Iasmim!
Gostaria que você falasse um pouco mais sobre as representações de negros, indígenas e mulheres encontradas nas produções analisadas. Seu trabalho também me estimula a questionar o que balizou a escolha dessas fontes e não de outras.
Agradeço!

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Iasmin Carvalho F Doroth
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Responder para  Viviane de Oliveira Barbosa
2 anos atrás

A partir das analises e fontes historiográficas estudadas, nós percebemos que essa representatividade surge principalmente quando os sujeitos na literaatura de Dias Carneiro foram silenciados ou deturpados em suas narrativas. Apostei nessas fontes para desenvolver minha pesquisa pois acredito que o escritor por ser relevante enquanto literato e sobretudo maranhense, trás uma perspectiva de identidade maranhense que provocam questões muito importantes a serem discutidas. 
Na representação do negro e do indígena, busquei vestígios das ricas manifestações culturais desses povos. Tendo em vista que o Maranhão era considerado Athenas Brasileira, muitas práticas se voltaram para a Europa, tais como a religiosidade, os costumes e, consequentemente, o preconceito europeu enraizado que silenciou/silencia muitas outras representações acerca do ”ser maranhense”. 
Na representação feminina na literatura de Dias Carneiro, os elementos apontaram para um papel mais silenciado que me fez pensar na necessidade de rever e recontar a História do Brasi, em que os estudos sobre a presença das mulheres sejam mais revisitados para entender o porquê do silenciamento.
Outro peso que vale ressaltar é o papel da mulher negra nesse período oitocentista. O patriarcado reprimiu as mulheres historicamente e sobretudo, a mulher negra escravizada. Desde o princípio a mulher negra valia menos que o homem negro chegando a ser 20% mais barata. Era comum essa escrava ser exposta a situações de exploração física, sendo ela sexual e trabalho. 
Acredita que essas fontes foram cruciais para os debates tanto no período oitocentista quando atualmente pois elas trazem uma gama de informações sobre determinadas perspectivas do sujeito maranhese, como ele se construiu enquanto região, como os maranhenses se consideravam naquele período e sobretudo, as raízes de uma civilização europeia que permeou no imaginário duante longos séculos. 
Para além dessas duas obras principais, o escritor também nos apresenta uma série de romances que ajudam também a entender sobre essas questões acerca da identidade: ‘’A Noite do Diabo’’, ‘’Antologia Maranhense’’ (1937), ‘’Harmonias Brasileiras’’ (1859), ‘’Julieta de Cecília’’, Parnaso Brasileiro (1885), ‘’Parnaso Maranhense’’ (1861), ‘’Parnaso Português Moderno’’ (1877) e ‘’Quem Tem Boca, Vai a Roma’’ (1863). A abordagem literária de Dias Carneiro possibilitou a formação de um sentimento fundamentado nas raízes locais, frente a tentativa de estabelecer denominadores comuns que identificassem as culturas indígenas e africanas na sociedade brasileira e consequentemente, maranhense.

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