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Werbeth Belo
Werbeth Belo
2 anos atrás

Raniele, parabéns pelo trabalho! A sua pesquisa possibilita um debate sobre a desnaturalização da propriedade que é de extrema importância. Além disso, você apresenta uma análise que põe em diálogo seu arcabouço teórico e a conjuntura histórica em questão. Mais uma vez, parabéns! O jornal utilizado em sua pesquisa em seu segundo momento (depois do estopim da Revolução dos Cravos) apresenta uma série de notícias sobre as problemáticas no campo e, portanto, teve papel importante neste processo. Você poderia falar um pouco sobre a estrutura do jornal (as partes que o compõem, os dirigentes etc)?

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Raniele Alves Sousa
Raniele Alves Sousa
Responder para  Werbeth Belo
2 anos atrás

Olá Werbeth, agradeço pelo seu comentário e questionamento.

Analisar a formação e a trajetória do jornal que se constituiu como uma das fontes desta pesquisa foi uma tentativa de colocar em prática uma metodologia que parte da questão de que o historiador/pesquisador deve conhecer as dinâmicas internas e principais trajetórias da fonte investigada, para levar em consideração a subjetividade de quem as escreve. Dito isto, destaca-se que jornal Diário do Alentejo, formou-se em 1 de junho de 1932, no distrito de Beja, em Portugal. Nesta conjuntura, vivia-se no país a ditadura estadonovista, que foi marcada pela censura à imprensa. Além disso, distribuído no turno vespertino, o Diário do Alentejo apresentava-se como porta-voz regionalista, possuindo em um primeiro momento, segundo Carlos Pereira (2019), uma estrutura editorial composta por 4 páginas bem extensas, sendo que na primeira eram apresentadas notícias, artigos de opiniões e informações da região do Alentejo, do país e do mundo, já as outras três páginas eram compostas por notícias pequenas e publicidade. Salienta-se que esta organização se manteve durante décadas, até os anos setenta, quando o tamanho das páginas diminuiu e o número destas aumentou. Havia exceções, de acordo com Carlos Pereira (2019), em determinados momentos, por exemplo, no aniversário do jornal ou quando eram realizadas feiras na região do Alentejo, as edições tinham 12 páginas ou mais, a maioria de publicidade. Dito isto, o progresso do Alentejo era apresentado como propósito central do jornal. Quanto a sua trajetória, em 7 de abril de 1955, faleceu um de seus fundadores e proprietário: Carlos Augusto das Dores Marques, aos 82 anos. Posteriormente, no ano de 1968, no dia 26 de fevereiro, faleceu seu outro proprietário e fundador: Manuel Engana. Nestas conjunturas, assumiu então, a direção do jornal, Manuel de Melo Garrido. Segundo a análise de Carlos Pereira (2019) sobre a trajetória do Diário do Alentejo, este foi apresentado como um jornal anti-situacionista durante o Estado Novo, pois, o Secretariado da Propaganda Nacional classificou os jornais do país em categorias, a saber: os situacionistas (que eram apoiadores da ditadura), os neutros, e os anti-situacionistas, que foi o caso do vespertino bejense, ou seja, um jornal que não concordava com o Estado Novo. Esta sua classificação, não ocorreu à toa, afinal, um de seus fundadores (Carlos Marques) era um democrata republicano e o outro (Manuel Engana) foi, no transcorrer da I República, dirigente local do antigo Partido Socialista português. Logo, essa composição ideológica e política dos proprietários do jornal, foi provavelmente, tida como um fator que não agradou ao Estado Novo, fazendo pesar a censura sob suas páginas.

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Vanessa
Vanessa
2 anos atrás

Parabéns por sua pesquisa. Admiro seu esforço e dedicação.

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Raniele Alves Sousa
Raniele Alves Sousa
Responder para  Vanessa
2 anos atrás

Obrigada Vanessa!

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Luana Anjos
Luana Anjos
2 anos atrás

Raniele, gostei muito do seu trabalho, a temática sobre a terra abre muitas questões. Gostaria de saber quais foram as atuações do Estado em relação as ocupações dos trabalhadores? Parabéns pela pesquisa

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Raniele Alves Sousa
Raniele Alves Sousa
Responder para  Luana Anjos
2 anos atrás

Obrigada Luana. Nota-se que no Alentejo as expectativas dos trabalhadores rurais foram bem interpretadas e acolhidas pelo Partido Comunista Português, que lhes garantia cumplicidade no aparelho do Estado e os ajudava quanto a formação dos seus sindicatos. Deste modo, os grandes proprietários, como não tiveram apoio do Estado, foram facilmente derrotados. Nota-se então, a inversão de poder, pois a partir de 25 de abril os trabalhadores rurais é quem tinham a força e a legitimidade para ocupar às grandes propriedades fundiárias. Diante disto, a intervenção legislativa do Estado durante os anos de 1974 a 1976, momento dos governos provisórios, gerou uma reforma agrária que foi fruto dos interesses dos sindicatos e dos trabalhadores rurais, sendo assim, os Decretos- Leis (Lei 406-A/75, Lei 407/75 e Lei 407-A/75, Lei 541-B/75, Lei 407-C/75, Lei 406-B/75) analisados na presente pesquisa, foram de suma importância para a legitimidade das ocupações e do processo revolucionário agrário. Resultando, este processo legislativo, na implantação da Constituição de abril de 1976.

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História
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