Olá Ricardo Marques muito interessante sua pesquisa, gostaria que você explicasse um pouco sobre a a diferenças entre as obras Divina Comedia e Visão de Túndalo, que você menciona na conclusão do seu resumo.
Oi Laura, muito obrigado pela pergunta. As diferenças entre os dois escritos medievais são grandes, em primeiro lugar podemos destacar que o manuscrito do século XII, Visão de Túndalo, era um relato tido como verídico pelo contemporâneos da época, já a o poema Divina Comédia é um relato fictício e os contemporâneos de Dante já sabiam o conteúdo “inventado” da obra. Além disso, a Visão de Túndalo foi redigida por um eclesiástico, um monge chamado Marcus que defendia alguns elementos da Reforma dita “Gregoriana”, Dante, por outro lado, era um leigo, um poeta e político de Florença, ademais defendia a primazia imperial nos assuntos temporais, em detrimento da Igreja e do papado. Por fim, podemos elencar a diferença temporal das fontes, enquanto uma foi escrita em meados do século XII, 1149, a outra foi produzida em início do XIV, acredita-se que foi entre 1304 a 1321. Apesar dessas diferenças também existem outros elementos que aproximam os dois textos, na minha pesquisa procuro trabalhar tanto as diferenças quanto similaridades. Obg
Curso
História
Você é o Orientador desta pesquisa?
Não
ISRAEL RODRIGUES MOREIRA
2 anos atrás
Excelente pesquisa Ricardo, muito bem estruturada e argumentada, e percebendo um papel essencial desses escritos como fontes necessárias para o estudo sobre a Idade Média. Gostaria de apenas tirar uma dúvida. É sabido sobre os conflitos políticos entre os membros da Igreja e a camada leiga, contudo, gostaria de saber se algum momento da sua pesquisa identificou algum momento em que estas duas forças tiveram algum ponto convergente com relação aos seus interesses?
Oi Israel, ótima questão. Primeiramente eu trabalho na minha pesquisa com a perspectiva de um pensamento político medieval e como ele influenciou no escrito das fontes, várias autores como Walter Ullmann, Jürgen Miethke e Sérgio Ricardo Strefling, argumentam que em boa parte do medievo a política não era separada da religião, portanto apesar de os leigos se oporem aos eclesiásticos, ou o poder temporal ir de contra, em algumas ocasiões, ao poder espiritual, as duas posições procuravam legitimar suas primazias através do próprio cristianismo. No caso da Visão de Túndalo e Divina Comédia, isso não é diferente, ambos os redatores buscaram defender a causa da Igreja e do Império, mediante uma suposta sacralidade maior de cada um em relação ao outro. Esse talvez seria o maior ponto de convergência entre os dois lados, a fonte de sua legitimação. Segundo José de Assunção Barros como não havia uma noção bem clara de Jurisdição dos poderes temporal e espiritual entre os séculos XII ao XIV, o que se fazia era procurar proteger os seus “domínios”, ao mesmo tempo foi nessa época que foi gestada uma noção de soberania dos poderes, o que gerou inda mais tratados políticos pró ou contra os dois maiores poderes, Império e papado. Resumindo, tanto a Igreja quanto o Império queriam controlar o medievo, a fonte para a argumentação a favor se suas causas era a Bíblia e o cristianismo, contudo, cada um reclamava o domínio para si. A Visão de Túndalo e a Divina Comédia, acabaram sendo influenciadas e influenciaram este debate, cada um bebendo da fonte principal, o cristianismo.
Olá Ricardo Marques muito interessante sua pesquisa, gostaria que você explicasse um pouco sobre a a diferenças entre as obras Divina Comedia e Visão de Túndalo, que você menciona na conclusão do seu resumo.
Oi Laura, muito obrigado pela pergunta. As diferenças entre os dois escritos medievais são grandes, em primeiro lugar podemos destacar que o manuscrito do século XII, Visão de Túndalo, era um relato tido como verídico pelo contemporâneos da época, já a o poema Divina Comédia é um relato fictício e os contemporâneos de Dante já sabiam o conteúdo “inventado” da obra. Além disso, a Visão de Túndalo foi redigida por um eclesiástico, um monge chamado Marcus que defendia alguns elementos da Reforma dita “Gregoriana”, Dante, por outro lado, era um leigo, um poeta e político de Florença, ademais defendia a primazia imperial nos assuntos temporais, em detrimento da Igreja e do papado. Por fim, podemos elencar a diferença temporal das fontes, enquanto uma foi escrita em meados do século XII, 1149, a outra foi produzida em início do XIV, acredita-se que foi entre 1304 a 1321. Apesar dessas diferenças também existem outros elementos que aproximam os dois textos, na minha pesquisa procuro trabalhar tanto as diferenças quanto similaridades. Obg
Excelente pesquisa Ricardo, muito bem estruturada e argumentada, e percebendo um papel essencial desses escritos como fontes necessárias para o estudo sobre a Idade Média. Gostaria de apenas tirar uma dúvida. É sabido sobre os conflitos políticos entre os membros da Igreja e a camada leiga, contudo, gostaria de saber se algum momento da sua pesquisa identificou algum momento em que estas duas forças tiveram algum ponto convergente com relação aos seus interesses?
Oi Israel, ótima questão. Primeiramente eu trabalho na minha pesquisa com a perspectiva de um pensamento político medieval e como ele influenciou no escrito das fontes, várias autores como Walter Ullmann, Jürgen Miethke e Sérgio Ricardo Strefling, argumentam que em boa parte do medievo a política não era separada da religião, portanto apesar de os leigos se oporem aos eclesiásticos, ou o poder temporal ir de contra, em algumas ocasiões, ao poder espiritual, as duas posições procuravam legitimar suas primazias através do próprio cristianismo. No caso da Visão de Túndalo e Divina Comédia, isso não é diferente, ambos os redatores buscaram defender a causa da Igreja e do Império, mediante uma suposta sacralidade maior de cada um em relação ao outro. Esse talvez seria o maior ponto de convergência entre os dois lados, a fonte de sua legitimação. Segundo José de Assunção Barros como não havia uma noção bem clara de Jurisdição dos poderes temporal e espiritual entre os séculos XII ao XIV, o que se fazia era procurar proteger os seus “domínios”, ao mesmo tempo foi nessa época que foi gestada uma noção de soberania dos poderes, o que gerou inda mais tratados políticos pró ou contra os dois maiores poderes, Império e papado. Resumindo, tanto a Igreja quanto o Império queriam controlar o medievo, a fonte para a argumentação a favor se suas causas era a Bíblia e o cristianismo, contudo, cada um reclamava o domínio para si. A Visão de Túndalo e a Divina Comédia, acabaram sendo influenciadas e influenciaram este debate, cada um bebendo da fonte principal, o cristianismo.