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Carlos Augusto Lima Barros
Carlos Augusto Lima Barros
2 anos atrás

Recentemente tem rodado na internet uma interessante análise de que mesmo com os diferentes feitos de Cleópatra, quando se aborda sua figura é continuamente reforçado fatos como sua bela aparência e poder de sedução, deixando de plano de fundo seus demais feitos. Você conseguiu perceber isso em todos os filmes analisados? Teve algum que se distanciou mais dessa abordagem?

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Thiago Eduardo
Thiago Eduardo
Responder para  Carlos Augusto Lima Barros
2 anos atrás

  As percepções sobre a beleza de Cleópatra são múltiplas. Na antiguidade os registros do escritor grego Plutarco, que são as maiores fontes sobre a vida da rainha, estes são bem dicotômicos, devido a sua origem Cleópatra é escrita enquanto exótica, inapropriada e nociva para os costumes ocidentais da época, apresentando habilidades de extra humanas para conquistar seus desejos através de sua feminilidade. Com o tempo os discursos sobre a rainha se modificaram, nos 3 filmes analisados há propostas diferentes sobre a construção do ideal feminino ligado a Cleópatra. Em 1945 é construída uma representação de uma jovem rainha, inexperiente, inocente e mimada, assim atendendo as perspectivas do cinema da época que cultuava uma mulher  frágil e inconsequente, que necessitava de uma figura masculina para guiá-la. Já em 1964 e 2002, é apresentado uma rainha mais imponente e determinada ao seus objetivos, mas que apesar de ter suas habilidades ressaltadas, principalmente no longa de 1964 que tem como Elizabeth Taylor interpretando a rainha, a sua atenção aos seus objetivos é sempre em competição a figura masculina.  A sua beleza é sempre ressaltada enquanto arma de sedução nos 3 filmes, mas as perspectivas sobre como esta arma é utilizada foi se modificando, no começo do século XX a inocência garantia a atenção do público, na década de 60 a imponência e audácia atraia os homens e inspirava as mulheres e no século XIX a imagem sexy e o poder feminino prendiam a narrativa no filme. Cleópatra era uma estadista, multifacetada e como diz a narrativa de Mankiewicz, se fosse homem, seria considerada um intelectual, mas sua aparência foi construída ligada em conjunto aos seus atos enquanto figura histórica.

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Ruan Matheus Martins Costa
Ruan Matheus Martins Costa
2 anos atrás

Ótima pesquisa, quais conceitos você destacaria como centrais para ser selecionados para trabalhar em sala de aula?

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Thiago Eduardo
Thiago Eduardo
Responder para  Ruan Matheus Martins Costa
2 anos atrás

 Obrigado. Há vários conceitos que podem ser trabalhados em sala de aula utilizando estes filmes, tais como etnicidade, eurocentrismo, contrapontos entre modernidade e tradição assim como as mudanças que a representação do gênero feminino teve no tempo. Utilizar filmes enquanto documento histórico para a análise em sala de aula é fundamental, pois através destes se é possível descobrir muito sobre o tempo e a sociedade que o produziu, além de chamar a atenção dos alunos para abranger suas perspectivas analíticas ao assistir um filme.

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Adriana Maria de Souza Zierer
Adriana Maria de Souza Zierer
2 anos atrás

Caro Thiago Eduardo,
Parabenizo você e a prof. Viviane. Pesquisa muito relevante e interessante. As minhas perguntas são as seguintes:

  1. De que forma a representação de Cleópatra como mulher branca nos filmes prejudica a nossa compreensão sobre o Egito Antigo?
  2. Como podemos perceber a desvalorização da figura feminina no passado e no presente através da personagem Cleópatra e sua representação na produção cinematográfica?
  3. De acordo com os seus conhecimentos: afinal quem foi Cleópatra e qual a sua importância no passado e no presente?
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Thiago Eduardo
Thiago Eduardo
Responder para  Adriana Maria de Souza Zierer
2 anos atrás

De que forma a representação de Cleópatra como mulher branca nos filmes prejudica a nossa compreensão sobre o Egito Antigo?

 A representação de Cleópatra enquanto mulher branca reforça as percepções eurocêntricas perante ao Egito. Este era um espaço geográfico com presença de diversas trocas étnicas, e há estudos que determinam a origem da rainha enquanto miscigenada, assim quando se representa a Cleópatra enquanto uma mulher branca europeia, reforça estereótipos de que grandes agentes importantes para movimentos históricos eram brancos. Assim, ao embranquecer o Egito  se torna uma consequência eurocêntrica de não negar sua importância na história, mas ocidentalizar seus agentes. 

Como podemos perceber a desvalorização da figura feminina no passado e no presente através da personagem Cleópatra e sua representação na produção cinematográfica?

  A desvalorização do feminino é algo recorrente em produções ligadas a rainha. No começo do século XX a rainha é inconsequente, inocente, sempre necessitando de uma figura masculina para tomar decisões, subordinada a César, precisando deste para se ver enquanto rainha, percepções de gênero típicas da mulher representada no cinema da década de 40. Já os filmes de 1964 e 2002, apesar de apresentar uma rainha imponente e confiante durante a construção de suas narrativas, logo sua postura enquanto rainha é substituída por uma figura feminina que perde sua racionalidade por suas relações afetivas. A rainha aparece nas narrativas de Plutarco e nos filmes enquanto um mau exemplo de comportamento feminino. 

De acordo com os seus conhecimentos: afinal quem foi Cleópatra e qual a sua importância no passado e no presente?

 Cleópatra foi e é uma importante figura histórica, o resgate de sua narrativa amorosa é uma parcela de seus feitos. A rainha era uma estadista, intelectual, dotada de conhecimentos que causaram incômodo e fascínio durante o decorrer dos séculos, sendo resgatada de várias maneiras aos olhos de quem escreve sobre esta. No passado ou na modernidade Cleópatra reflete a percepção de uma sociedade sobre o corpo feminino, a África e relações da sociedade perante a história egípcia, por isso se é fundamental estudar as diversas Cleópatras construídas.

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Adriana Maria de Souza Zierer
Adriana Maria de Souza Zierer
Responder para  Thiago Eduardo
2 anos atrás

Ótimas respostas!

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